No Brasil, o romance nasce em meio a uma
busca pela identidade nacional e, mais do que a produção poética, busca
fornecer as respotas sobre as tradições, o passado histórico e os
costumes do país em uma verdadeira investigação sobre os espaços
nacionais. A identificação destes espaços caracteriza a formação de
quatro linhas temáticas: o espaço da selva é retratado pelos Romances Indianista e Histórico; o campo aparece no Romance Regionalista; a vida na cidade é trazida pelo Romance Urbano.Vejamos cada uma destas linhas:
1. Romance Indianista:
Caracterizado pela idealização do Índio,
que não é visto em sua realidade sócio-antropológica, mas sim de uma
maneira lírica e poética, figurando como o protótipo de uma raça ideal.
Materializa-se no índio o “mito do bom selvagem” de Rousseau (o homem é
bom por natureza e o mundo é que o corrompe).
Há harmonização das diferenças entre as
culturas europeia e americana. O índio é mostrado em diversas condições,
como é possível notar nas obras de José de Alencar: em “Ubirajara”, aparece o índio primordial, sem o contato urbano; em “O Guarani”, é mostrado o contato o branco e em “Iracema”, aborda-se a miscigenação.
2. Romance Histórico:
Revela o resgate da nacionalidade a
partir da criação de uma visão poética e heróica das origens nacionais. É
comum ocorrer a mistura de mito e realidade. Destacam-se as obras ”As Minas de Prata” e “A guerra dos Mascates”, de José de Alencar.
3. Romance Regionalista:
Também conhecido como Sertanista, é
marcado pela idealização do homem do campo. O sertanejo é mostrado, não
diante dos seus verdadeiros conflitos, mas de uma maneira mitificada,
como um protótipo de bravura, honra e lealdade. Trata-se aqui de um
regionalismo sem tensão crítica. Destacam-se obras de José de Alencar (“O Sertanejo”, “O Tronco do Ipê”, “Til”, “O Gaúcho”), Visconde de Taunay (“Inocência”), Bernardo Guimarães (“O Garimpeiro”) e Franklin Távora, que com “O Cabeleira” diferencia-se dos demais apresentando certa tensão social que pode ser enquadrada como pré-realista.
4. Romance Social Urbano:
Retrata o ambiente da aristocracia
burguesa, seus hábitos e costumes refinados, seus padrões de
comportamento, sendo raro interesse pela periferia. Os enredos são em
geral triviais, tratando das tramas amorosas e mexericos da sociedade.
Os perfis femininos são temas comuns, como em “Diva”, “Lucíola” e “Senhora”, de José de Alencar e em “Helena”, “A Mão e a Luva” e “Iaiá Garcia”, de Machado de Assis.
É importante perceber que alguns desses
romances, tratando do ciclo social urbano, já revelavam características
realistas em seus enredos, como algumas análises psicológicas e sintomas
de degradação social.
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